Não importa se só tocam
o primeiro acorde da canção
a gente escreve o resto
em linhas tortas
nas portas da percepção
em paredes de banheiro
nas folhas que o outono leva ao chão
em livros de história
seremos a memória dos dias que virão
(se é que eles virão)
não importa se só tocam
o primeiro verso da canção
a gente escreve o resto
sem muita pressa
com muita precisão
nos interessa o que não foi impresso
mas continua sendo escrito à mão
escrito à luz de velas
quase na escuridão
longe da multidão
não importa se só ouvem
a primeira nota da canção
a gente escreve o resto
e o resto é resto
é falsificação
é sangue falso, bang-bang italiano
suingue falso, turista americano
livres dessa estória
a nossa trajetória não precisa explicação
(e não tem explicação)
somos um exército
(o exército de um homem só)
no difícil exercício de viver em paz
somos um exército
(o exército de um homem só)
sem fronteiras,
sem bandeiras para defender
não interessa o diário da corte
não interessa o que diz o rei
(se no jogo não há juiz
não há jogada fora da lei)
não interessa o que diz o ditado
não interessa o que o estado diz
nós falamos outra língua
moramos em outro país
somos kamikazes
incapazes de ir à luta
somos quase livres
isso é pior do que a prisão
somos um exército
(o exército de um homem só)
um bando de vampiros
que odeiam sangue
sem fronteiras
sem bandeiras para defender
somos um exército
(o exército de um homem só)
nesse exército
(o exército de um homem só)
todos sabem que tanto faz
ser culpado ou ser capaz
... tanto faz ...
ENGENHEIROS DO HAWAII
Canção dedicada a Mathias Rust (do disco O PAPA É POP, 1990)
Nenhum comentário:
Postar um comentário