quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Profana


A cor do amor é branca,
e o amor tem uma covinha do lado direito do rosto
e o amor me olha como alguém
que jamais vai tirar a minha calcinha
e gozar o céu dentro de mim.
O amor sempre vai me olhar
como se eu estivesse num altar de papel.
Para o amor, eu sou uma rima
e rima não tem vagina.
Para o amor, eu sou uma ode
com uma ode ninguém fode.
Eu sou um verso alexandrino
jamais tocado pelo herdeiro deste nome.
Eu sou a palavra, e a palavra, a palavra é Deus
Deus ninguém come, mas,
será que beber
pode?


BÁRBARA LIA

in: NOIR (edição independente - 2006)

Um comentário:

Giuliano Gimenez disse...

ao menos se deus coubesse numa garrafinha de água, quem sabe.

muito bom esse poema da bárbara lia.