domingo, 28 de fevereiro de 2010

Te digo adiós


Te digo adiós y, acaso, te quiero todavía,
no puedo olvidarte, pero te digo adiós.
No sé si me quisiste, no sé si te quería,
o tal vez nos quisimos, demasiado, los dos.

Ese cariño nuestro apasionado y loco,
me lo metí en el alma, para quererte a ti.
No sé si te amé mucho, no sé si te amé poco,
pero sé que nunca volveré a amar así.

Te digo adiós y, acaso, con esta despedida
mis mejores sueños mueren dentro de mí.
Pero te digo adiós, para toda la vida
aunque toda la vida siga pensando en ti.


JOSÉ ÁNGEL BUESA

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

campanário


não sei se destino
se talvez desatino

o que explica, então

isto aqui dentro
mal conseguia pulsar, agora
bate como um sino?


RAUL POUGH

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Safena


Sabe o que é um coração
amar ao máximo de seu sangue?
Bater até o auge de seu baticum?
Não, você não sabe de jeito nenhum.
Agora chega.
Reforma no meu peito!
Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
aproximem-se!
Rolos, rolas, tinta, tijolo
comecem a obra!
Por favor, mestre de Horas
Tempo, meu fiel carpinteiro
comece você primeiro passando verniz nos móveis
e vamos tudo de novo do novo começo.
Iansã, Oxum, Afrodite, Vênus e Nossa Senhora
apertem os cintos
Adeus ao sinto muito do meu jeito
Pitos ventres pernas
aticem as velas
que lá vou de novo na solteirice
exposta ao mar da mulatice
à honra das novas uniões
Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas
Protejam as beiras
lustrem as superfícies
aspirem os tapetes
Vai começar o banquete
de amar de novo
Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões
Façam todos suas inscrições.
Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate
O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.


ELISA LUCINDA

domingo, 21 de fevereiro de 2010

intimidade


não se trata de uma sede ser capaz de fazer evaporar
um oceano
ou de uma mentira poder ter absoluta razão, ou que
envaidece a abstracção na oxidação do cansaço estético.
e mesmo que não saibamos de que se trata,
sempre diremos que não consiste a fotografia deste momento
em inevitar a obliteração dos exemplos, de uma
consciência que extravia
colégios de identidade, palácios de consolação, relógios
casuais que dão forma aos pormenores do tempo.
encontramo-nos na orla do círculo, na superfície do branco
após o negro que o percorre e mutila como a
invenção que brota ou o poema que transnomina no ventre
e cujos versos mudam de lugar em caso de fogo
e natureza intacta.
sabemos apenas que o presente
é uma prótese do passado, e talvez isso chegue
para que devamos fechar os olhos, contornar os nossos
corpos sem uma só morte sobrevivente, e deixar que
o momento prossiga em completo vazio.


SYLVIA BEIRUTE

sylviabeirute.blogspot.com

domingo, 14 de fevereiro de 2010

sem bala na agulha


leucêmica inspiração
agoniza num canto vazio da alma...
respira por aparelhos

cruel prenúncio de fim,
versos chegam sem vida ao papel...
cemitério de palavras

poeta em febril angústia
rascunha o prefácio do féretro...
sabor da própria morte


RAUL POUGH

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

5


acorde,
é o triste fim
deposite seus pedidos no guichê ao lado
atire seus desejos no cesto de lixo

as utopias,
leve-as pra casa
a opção é sua
se desejar guardamos pra você

espere a vida inteira
e acorde,
enfim

antes,
por favor,
assine aqui


FLÁVIO JACOBSEN

in: "Quase Tudo ou Nada Quase" (1997)