status quotidianus, desvairamentos específicos, alucinações genéricas, poesia textual, imagética, minimalismo, alka-seltzer y otras cositas más...
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Curitinopla
para:
manuel bandeira
nelson rebello (oil man)
rodrigo madeira
dalton trevisan
Vou-me embora pra Curitinopla
Lá sou amigo do Oil Man
Lá vive a morena que eu quero
Na cidade onde sou refém
Vou-me embora pra Curitinopla
Vou-me embora pra Curitinopla
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo incongruente
Que um poeta louco da Saldanha
Que versa principescamente
Vem a ser preteritamente
O agora que nunca tive
E farei footing no Barigui
Andarei de bicicleta
Montarei em bi-articulado
Subirei na torre da Telepar
Tomarei banhos de chafariz!
E quando estiver cansado
Deito à beira da ciclovia
Mando chamar o Dalton
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Ninguém vinha me contar
Vou-me embora pra Curitinopla
Em Curitinopla tem tudo
É outra civilização
Tem um progresso seguro
Tem palhaços no calçadão
Tem lombada eletrônica
Tem cristais à vontade
Tem curitibocas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver, assim...
Que nem tarja preta der jeito
Quando de noite pintar
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do Oil Man -
Terei a morte que eu quero
Na tumba que escolherei
Vou-me embora pra Curitinopla.
RAUL POUGH
(*) Adaptação curitiboca do poema "Vou-me embora pra Pasárgada", de Manuel Bandeira.
manuel bandeira
nelson rebello (oil man)
rodrigo madeira
dalton trevisan
Vou-me embora pra Curitinopla
Lá sou amigo do Oil Man
Lá vive a morena que eu quero
Na cidade onde sou refém
Vou-me embora pra Curitinopla
Vou-me embora pra Curitinopla
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo incongruente
Que um poeta louco da Saldanha
Que versa principescamente
Vem a ser preteritamente
O agora que nunca tive
E farei footing no Barigui
Andarei de bicicleta
Montarei em bi-articulado
Subirei na torre da Telepar
Tomarei banhos de chafariz!
E quando estiver cansado
Deito à beira da ciclovia
Mando chamar o Dalton
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Ninguém vinha me contar
Vou-me embora pra Curitinopla
Em Curitinopla tem tudo
É outra civilização
Tem um progresso seguro
Tem palhaços no calçadão
Tem lombada eletrônica
Tem cristais à vontade
Tem curitibocas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver, assim...
Que nem tarja preta der jeito
Quando de noite pintar
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do Oil Man -
Terei a morte que eu quero
Na tumba que escolherei
Vou-me embora pra Curitinopla.
RAUL POUGH
(*) Adaptação curitiboca do poema "Vou-me embora pra Pasárgada", de Manuel Bandeira.
I nação
a Raul Pough
Gente, no meio de extremos
ao sol do meio-dia
entre a vida que havia
e a morte que ardia!
Ávida, a avenida ia
incólume, entre os carros
que iam, entre o asfalto
que ria da agonia
e ia com toda a rapidez
atrás das riquezas
Entre o dia e a noite,
entre a flor e o açoite,
entre a dor e o que fosse
dor, gente, no meio ...
Gente dormente, feto refeito
sem o hálito quente
do beijo
do seio materno
do desejo fraterno
de tirar a mente do feio
e repousar no belo
Gente, nas garras da metrópole
presa em octópodes ligas de metal leve
presa às ações caóticas do caos que ferve
e seu encéfalo diabólico
gente ...
e quando percebemos
a miséria que se impõe
pouco notamos que há
gente, no meio de extremos
MAURO VERAS
Por conta de um comentário que fiz sobre seu poema GUETO, abaixo reproduzido, meu amigo e poeta Mauro Veras brindou-me com este outro poema, que nasceu justamente das palavras do tal comentário. Valeu, irmão!
Gente, no meio de extremos
ao sol do meio-dia
entre a vida que havia
e a morte que ardia!
Ávida, a avenida ia
incólume, entre os carros
que iam, entre o asfalto
que ria da agonia
e ia com toda a rapidez
atrás das riquezas
Entre o dia e a noite,
entre a flor e o açoite,
entre a dor e o que fosse
dor, gente, no meio ...
Gente dormente, feto refeito
sem o hálito quente
do beijo
do seio materno
do desejo fraterno
de tirar a mente do feio
e repousar no belo
Gente, nas garras da metrópole
presa em octópodes ligas de metal leve
presa às ações caóticas do caos que ferve
e seu encéfalo diabólico
gente ...
e quando percebemos
a miséria que se impõe
pouco notamos que há
gente, no meio de extremos
MAURO VERAS
Por conta de um comentário que fiz sobre seu poema GUETO, abaixo reproduzido, meu amigo e poeta Mauro Veras brindou-me com este outro poema, que nasceu justamente das palavras do tal comentário. Valeu, irmão!
sábado, 28 de novembro de 2009
Gueto
Não ter a menor razão para nada
tudo seria tão pequeno
tudo seria tão pouco
tudo
pessoas tristes
flores tristes
tardes tristes
e tudo que assistisse
faria assim como fosse morrer
Estrelas que brilharam tanto
inesquecíveis árias de grandes óperas
e hoje me ouvem os ouvidos
cantos de pássaros solitários
pássaros
de voos pequenos
como deveria ser tudo
uma velha negra e suas tetas murchas
a criança negra pendurada nelas
sujas, as bruxas girando em torno da cena
de formidáveis pessoas miseráveis ...
e a prata da cidade
que passa qual estrela cadente,
brilhando tanto!
e nas tetas da mulher, a derradeira gota de sangue
A alma se alimenta de leites improváveis ...
inapetentes almas em seu cruzeiro
Como o valor da Razão ...
como pessoas, flores
como o canto dos pássaros
como este voo rasteiro
Não deveria ter a menor razão para nada
tudo seria tão pequeno
tudo seria tão pouco
tudo
MAURO VERAS
Comentei com Mauro o verso
" de formidáveis pessoas miseráveis... "
Coincidente e interessante o fato de "pessoas" estarem entre estes extremos, entre o formidável e o miserável. Poeta que é poeta sabe o que fazer nestas horas. E Mauro, sacou rapidamente um poema inteiro (I nação - vide acima) que estava escondido sob um único verso deste seu GUETO.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Me poupe!
meu único acesso
ao teu coração
é por este decote V
e vens me dizer
que errou
na escolha da blusa?
RAUL POUGH
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Única
coca
várias delas; na minha
cola
várias delas; na minha
cola
mas
o que posso fazer
se só tenho olhos
para aquela pepsi ?
afinal
quem vê coca
não vê coração
RAUL POUGH
terça-feira, 24 de novembro de 2009
pg. 40
devagar com a dor
devagar com o andor
que o coração é de barro
NAILOR MARQUES JR.
in: "amor é o que não é" (1997)
sábado, 21 de novembro de 2009
O poeta é um rimador
corpo caliente
dolce far niente
(rita lee)
...
(rita lee)
...
samba de breque
toulouse-lautrec
(chico buarque)
Sedução
ah, a sedução!
pré-histórica deusa...
cuidado! cuidado!
ela pode te oferecer
uma maçã, um olhar, um beijo...
e, de brinde,
uma mortezinha,
que ninguém é de ferro!
RAUL POUGH
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
pg. 78
A quem me queima
e, queimando, reina,
valha esta teima.
Um dia, melhor me queira.
PAULO LEMINSKI
in: "Nothing The Sun Could Not Explain" (1997)
garota interrompida
todos os dias ela ligava
pra lembrar que estava tudo acabado...
mas sempre esquecia de dizer adeus
RAUL POUGH
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Buena dicha
depois de ti
o mau costume
de pressentir
em todo amor
estrume
GLÓRIA PEREZ
in: "Mercado de Escravas" (1984)
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Cáustica
você tem razão
quando diz que está
me fazendo mal
ainda bem...
afinal, o que seria
deste meu
incauto vício de lutar
guerras perdidas?
e deste oscar
de pior roteiro adaptado
o que seria?
the day after
ocaso, o caos, apocalipse
então?
pois é...
você tem razão
quando diz que está
me fazendo mal
garçon:
por favor
outro coquetel de dores
na mesa oito
RAUL POUGH
domingo, 15 de novembro de 2009
Nº 7
nossas chuvas
embaixo do chuveiro
o sabonete:
louca lasca de tempo:
pedra de esfregar carinho
ANÍSIO HOMEM
in: "Golondrinas" (1991)
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
"Mattina" - o minimalismo de Ungaretti
Mattina:
M’illumino
d’immenso
GIUSEPPE UNGARETTI
(*) Uma preciosidade, esse exemplar de linguagem concentrada, escrito em 1917.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Héracles
Ninguém sabe
degustar
um segredo.
Ele tem a cara
de um câncer.
Ele tem o cheiro
de um medo.
Eu verto silêncios
e aromas de baunilha
nesses dias entristecidos.
Eu perambulo
pelos endereços
inábeis
dos tempos felizes.
Eu sofro
de amores voláteis
desandando
a maionese dos magos.
JULIO ALMADA
in: Em Um Mapa Sem Cachorros (2009)
sábado, 7 de novembro de 2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Profana
A cor do amor é branca,
e o amor tem uma covinha do lado direito do rosto
e o amor me olha como alguém
que jamais vai tirar a minha calcinha
e gozar o céu dentro de mim.
O amor sempre vai me olhar
como se eu estivesse num altar de papel.
Para o amor, eu sou uma rima
e rima não tem vagina.
Para o amor, eu sou uma ode
com uma ode ninguém fode.
Eu sou um verso alexandrino
jamais tocado pelo herdeiro deste nome.
Eu sou a palavra, e a palavra, a palavra é Deus
Deus ninguém come, mas,
será que beber
pode?
BÁRBARA LIA
in: NOIR (edição independente - 2006)
Assinar:
Postagens (Atom)