quarta-feira, 12 de setembro de 2012



Nós que temos o ballet dentro de nós, que vivemos e morremos por isso.
Nós que só contamos até 8.
Nós que entendemos a beleza e a dureza de simplesmente ficar parada em quinta posição.    
Nós que aprendemos a ter que pensar entre um giro e outro.
Nós que temos mais coordenação motora que qualquer homem fazendo baliza.
Nós que andamos por ai de coque e roupas coloridas e confortáveis depois da aula, sem nos importar.
Nós e apenas nós que sabemos o que é a dor e o amor de usar uma sapatilha de ponta!

(*) Texto: Malu Souza. Imagem: facebook. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

terça-feira, 7 de agosto de 2012


“E às vezes no silêncio do meu dia, no momento mais conturbado da minha alma, paro pra pensar em quando tudo isso começou. Eu sei, todos nós desperdiçamos oportunidades, chances, pessoas, amores… Mas de alguma forma, quando eu te conheci, eu sabia que seria você. Talvez tenha demorado pra perceber, mas o fato foi que percebi e naquele momento eu tive a certeza de que não podia te perder. Eu temia que fosse amor. Mas, de repente me senti tomada por algo mais forte que eu e de alguma forma você teria que ser meu.”


TATI BERNARDI

“Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima, tinha de ser justo amor, meu Deus?”


CAIO FERNANDO ABREU

sábado, 30 de junho de 2012

quinta-feira, 28 de junho de 2012

destino: explica isso!


depois do tsunami
recolhido em minha ostra
ouço alguém bater
      
abro, bem devagar...
a surpresa, uma pérola
— vim pra ficar, posso?
 
 
RAUL POUGH

terça-feira, 19 de junho de 2012

contigo aprendi


Contigo aprendi
Que existem novas
E melhores emoções...
Contigo aprendi
A conhecer um mundo novo
De ilusões
Aprendi...
Que a semana já tem mais
De sete dias
Fazer maiores as
Pequenas alegrias
A ser alegre
Eu contigo aprendi...

Contigo aprendi
A ver a luz do outro lado ao ver a lua
Contigo aprendi
Que tua presença eu não troco por nenhuma
Aprendi... que pode um beijo
Ser mais doce e mais profundo
Que posso ir-me qualquer dia deste mundo
As coisas boas, eu contigo já vivi
E contigo aprendi, que eu nasci
No dia em que te conheci...



ARMANDO MANZANERO

segunda-feira, 18 de junho de 2012

quem é ela?


quem é esta petulante?

que ousa me acordar assim
do sono reparador das dores
das cruéis sequelas, do fim
(trágico) dos grandes amores

quem é ela?

mal e mal me conhece,
desconhece minhas cicatrizes
ignora meus pecados,
nada sabe dos meus deslizes

quem é ela?

pra achar que algum coração
ainda bate dentro deste peito
que aqui tem alguma emoção
que os estragos ainda tem jeito

quem é ela?

pra pensar que borboletas
ainda possam vagar sozinhas
por este jardim abandonado
maltratado por ervas daninhas

quem é ela?

que magia, feitiço, imagina ter
no brilho quase verde do olhar
(atrevido), no quase deboche
do sorriso maroto, esta menina

quem é ela?

que mal olha pra uma equação
e de uma maneira tão simples
pensa ter encontrado a solução
eureka!, achado o "seu número"

quem é ela?

não, não sei, ainda não sei
mas penso em pagar pra ver...
desafios e guerras perdidas,
na minha vida, tem força de lei
  
 
RAUL POUGH

domingo, 17 de junho de 2012


Me perdoem.
Peço mais uma vez.
O perdão de vocês é fundamental,
porque não consigo perdoar a mim mesmo.
Me perdoem pelo pai que não fui,
pelas decepções que causei a vocês.
Algumas coisas a cegueira me impediu de fazer.
Outras, foi o meu egoísmo.
Outras, a falta de discernimento.
Sei que em tantos momentos vocês precisaram de mim
e eu não estava presente.
E não é fácil lembrar dessas coisas,
porque além disso fui um mau filho.
Decepcionei muito, muito mesmo o meu pai.
E ele não merecia.
Vivo pedindo perdão a ele,
porque também não consigo me perdoar.
O mais triste nesta história
é saber que não se pode voltar atrás
para consertar certas coisas.
Poderia dizer-lhes que,
apesar de tudo,
os amo muito!
Mas,
nesta hora, neste dia,
não me sinto digno nem pra falar de amor...
E hoje, por favor,
não me liguem, não me procurem.
Tirei o dia
pra um passeio por dentro de mim.

sábado, 16 de junho de 2012

alerta


será?

que este
velho e cansado coração
ainda suporta
  
o pisotear implacável
das sapatilhas,
meia ponta que sejam,
sadomasoquistas
quem sabe
    
forjadas na dor
pelo desejo indomável
de flertar, até entregar-se
de corpo e alma
a este príncipe atrevido
ao mesmo tempo
mocinho e bandido
 
filho da dança
afilhado da pantomima
e que atende
pelo fascinante nome
  
ballet (?)
     
pode crer: NÃO!
   
portanto,
venha leve, macia e doce
trate este coração
como se de algodão fosse           
  
apenas
dance conforme a música...
  
    
RAUL POUGH

quinta-feira, 7 de junho de 2012

23 anos da morte de Paulo Leminski



Neste 7 de Junho, 23 anos da morte do inesquecível Paulo Leminski.
Seu pó repousa sob o granito, no Cemitério da Água Verde, em Curitiba.
Seus escritos, inscritos em nossas memórias e corações!
Meu respeito e homenagem ao Polaco mais famoso dos Pinheirais...    

segunda-feira, 4 de junho de 2012

vou me embora pro passado


Vou-me embora pro passado
Lá sou amigo do rei
Lá tem coisas "daqui, ó!"
Roy Rogers, Buck Jones
Rocky Lane, Doris Day
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Porque lá, é outro astral
Lá tem carros Vemaguet
Jeep Willys, Maverick
Tem Gordini, tem Buick
Tem Candango e tem Rural.

Lá dançarei Twist
Hully Gully, Iê-iê-iê
Lá é uma brasa mora!
Só você vendo pra crê
Assistirei Rin-Tin-Tin
Ou mesmo Jeanne é um Gênio
Vestirei calças de Nycron
Faroeste ou Durabem
Tecidos sanforizados
Tergal, Percal e Ban-lon
Verei lances de anágua
Combinação, califon
Escutarei Al Di La
Dominiqui Niqui Niqui
Me fartarei de Grapette
Na farra dos piqueniques
Vou-me embora pro passado.

No passado tem Jerônimo
Aquele Herói do Sertão
Tem Coronel Ludugero
Com Otrope em discussão
Tem passeio de Lambretta
De Vespa, de Berlineta
Marinete e Lotação.

Quando toca Pata Pata
Cantam a versão musical
"Tá Com a Pulga na Cueca"
E dançam a música sapeca
Ô Papa Hum Mau Mau
Tem a turma prafrentex
Cantando Banho de Lua
Tem bundeira e piniqueira
Dando sopa pela rua
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Que o passado é bom demais!
Lá tem meninas "quebrando"
Ao cruzar com um rapaz
Elas cheiram a Pó de Arroz
Da Cachmere Bouquet
Coty ou Royal Briar
Colocam Rouge e Laquê
English Lavander Atkinson's
Ou Helena Rubinstein
Saem de saia plissada
Ou de vestido Tubinho
Com jeitinho encabulado
Flertando bem de fininho.

E lá no cinema Rex
Se vê broto a namorar
De mão dada com o guri
Com vestido de organdi
Com gola de tafetá.

Os homens lá do passado
Só andam tudo tinindo
De linho Diagonal
Camisas Lunfor, a tal
Sapato Clark de cromo
Ou Passo-Doble esportivo
Ou Fox do bico fino
De camisas Volta ao Mundo
Caneta Shafers no bolso
Ou Parker 51
Só cheirando a Áqua Velva
A sabonete Gessy
Ou Lifebouy, Eucalol
E junto com o espelhinho
Pente Pantera ou Flamengo
E uma trunfinha no quengo
Cintilante como o sol.

Vou-me embora pro passado
Lá tem tudo que há de bom!
Os mais velhos inda usam
Sapatos branco e marrom
E chapéu de aba larga
Ramenzone ou Cury Luxo
Ouvindo Besame Mucho
Solfejando a meio tom.

No passado é outra história!
Outra civilização...
Tem Alvarenga e Ranchinho
Tem Jararaca e Ratinho
Aprontando a gozação
Tem assustado à Vermuth
Ao som de Valdir Calmon
Tem Long-Play da Mocambo
Mas Rosenblit é o bom
Tem Albertinho Limonta
Tem também Mamãe Dolores
Marcelino Pão e Vinho
Tem Bat Masterson, tem Lessie
Túnel do Tempo, tem Zorro
Não se vê tantos horrores.

Lá no passado tem corso
Lança perfume Rodouro
Geladeira Kelvinator
Tem rádio com olho mágico
ABC a voz de ouro
Se ouve Carlos Galhardo
Em Audições Musicais
Piano ao cair da tarde
Cancioneiro de Sucesso
Tem também Repórter Esso
Com notícias atuais.

Tem petisqueiro e bufê
Junto à mesa de jantar
Tem biscuit e bibelô
Tem louça de toda cor
Bule de ágata, alguidar
Se brinca de cabra cega
De drama, de garrafão
Camoniboi, balinheira
De rolimã na ladeira
De rasteira e de pinhão.

Lá, também tem radiola
De madeira e baquelita
Lá se faz caligrafia
Pra modelar a escrita
Se estuda a tabuada
De Teobaldo Miranda
Ou na Cartilha do Povo
Lendo Vovô Viu o Ovo
E a palmatória é quem manda.

Tem na revista O Cruzeiro
A beleza feminina
Tem miss botando banca
Com seu maiô de elanca
O famoso Catalina
Tem cigarros Yolanda
Continental e Astória
Tem o Conga Sete Vidas
Tem brilhantina Glostora
Escovas Tek, Frisante
Relógio Eterna Matic
Com 24 rubis
Pontual a toda hora.

Se ouve página sonora
Na voz de Angela Maria
— Será que sou feia?
— Não é não senhor!
— Então eu sou linda?
— Você é um amor!...

Quando não querem a paquera
Mulheres falam: "Passando,
Que é pra não enganchar!"
"Achou ruim dê um jeitim!"
"Pise na flor e amasse!"
E AI e POFE! e quizila
Mas o homem não cochila
Passa o pano com o olhar
Se ela toma Postafen
Que é pra bunda aumentar
Ele empina o polegar
Faz sinal de "tudo X"
E sai dizendo "Ô Maré!
Todo boy, mancando o pé
Insistindo em conquistar.

No passado tem remédio
Pra quando se precisar
Lá tem Doutor de família
Que tem prazer de curar
Lá tem Água Rubinat
Mel Poejo e Asmapan
Bromil e Capivarol
Arnica, Phimatosan
Regulador Xavier
Tem Saúde da Mulher
Tem Aguardente Alemã
Tem também Capiloton
Pentid e Terebentina
Xarope de Limão Brabo
Pílulas de Vida do Dr. Ross
Tem também aqui pra nós
Uma tal Robusterina
A saúde feminina.

Vou-me embora pro passado
Pra não viver sufocado
Pra não morrer poluído
Pra não morar enjaulado
Lá não se vê violência
Nem droga nem tanto mau
Não se vê tanto barulho
Nem asfalto nem entulho
No passado é outro astral
Se eu tiver qualquer saudade
Escreverei pro presente
E quando eu estiver cansado
Da jornada, do batente
Terei uma cama Patente
Daquelas do selo azul
Num quarto calmo e seguro
Onde ali descansarei
Lá sou amigo do rei
Lá, tem muito mais futuro
Vou-me embora pro passado

 
 
JESSIER QUIRINO

do livro "Prosa Morena"

sexta-feira, 1 de junho de 2012

S/


                                     o meu corpo nu
                                     passeia pela casa
                                     e
                                     na parede da sala
                                     sangra
                                     a minha
                                     natureza morta.
 
 
                                     ANGELA GOMES

terça-feira, 29 de maio de 2012

...


[...] Foi então que eu descobri.
Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora,
pensando as mesmas coisas,
com preguiça de ir nos mesmos lugares furados
e ver gente boba,
com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez
e voltar pra casa vazio
ou continuar embaixo do edredom
lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito.
A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa.
Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é,
menor a chance de você vê-la andando por aí? [...]

yasminbraz.blogspot.com.br

sábado, 26 de maio de 2012

estéril


                              quando o grito
                                             da saudade
                                             grita
                              e o gritaredo embrenha-se
                                             pelo interior
                              da artéria mais recôndita
                                             buscando esconderijo
                              no âmago de um coágulo
                                             esquecido,
                             
                              sufocar a agudez estridente
                                             dos clarins da ausência...
                              ah, nem assim!  
 
 
                              RAUL POUGH

quarta-feira, 23 de maio de 2012

de máscaras & machucados



se mascaro a dor
com um sorriso
que não sei de onde
me vem
é porque cedo
aprendi a lição:
nos tombos
que a vida me deu,
poucas vezes
tive rede de proteção
 
 
ADEMIR ANTONIO BACCA

do livro "Gritos por dentro das palavras"

domingo, 13 de maio de 2012

*



Se há um raro prazer esperando
no outro lado do muro.
Eu escalo.
E a pedra se cala, e com ela a hera o musgo
- todos me deixam passar -
... Serei a Senhora e a escrava do lado de lá.
Mas se o muro não é:
se é um cofre de aço tão liso
e se dentro
nem tem nada daquilo
nem disso,

um deserto.

Eu desisto.

Feras morrem de tanto esperar.
Feras morrem
do lado de cá.

Eu só existo.
 
 
FLÁ PEREZ

sexta-feira, 11 de maio de 2012

coisa de homem


Vinha sempre,
assim como o tempo de Curitiba:
de diversas formas.
Assim como o tempo de Curitiba:
difícil de entender.
 
Andar sedutor
de quem mostra calma, distância, encantamento...
Que nada revela.
Porque seduzir é o seu alimento.
 
Um convite para reviver um tempo
e ele diz: não, não vou.
Coisa de homem.

Hoje está nublado,
dentro deste homem inatingível.
Coisa de homem, já passa! Diz ele.
E vai...

Não é mais possível encontrá-lo.
Não é mais possível alcançá-lo.
 
É. O tempo tem muitas formas,
todas difíceis de entender.
 
Nunca mais o vi.
Deve ser coisa de homem...
 
 
JANE (22/12/2009)

sul real


tiroteio no bolicho
no meio do entrevero, uma bala
alojou-se no baleiro
 
 
RAUL POUGH

desenho de FERNANDO MAIA

1.


P. Kuayñchi