quinta-feira, 31 de maio de 2007

E na consciência, não vai nada?


Paisagem da miséria humana


Me espanto com o que vejo:
Não pode ser real.
Não pode ser humano.
Não pode ser.
Para mim, é efêmera paisagem.
Para tantos, é face cruel e permanente da vida:
a miséria humana.
A miséria é carniça.
Os urubus estão rondando.
E o assassino está no poder.
Da miséria que lhe agrada, sua criada,
é o criador.
Dia a dia planejando
o próximo golpe fatal da criação - da multiplicação.
Não dos pães. Da fome, da dor.
A miséria não fala,
não entende o que ouve,
nem pode entender.
Suprimiram-lhe as ferramentas.
O suor corrói a sua fé.
As mãos, ásperas, secas,
fendidas como o chão que a escora,
e talvez como a vida que insiste,
não oferecem perigo.
Somos todos egoístas!
As máscaras caem.
A aridez decompõe a noção da vida.
Por mais que joguemos terra, a cova se mostra
palmo a palmo mais funda.
A miséria cresce qual erva daninha.
A parasita videira mantém-se intocada.
Onde encontrar a raiz desse mal para cortar?


LAETICIA JENSEN EBLE

terça-feira, 29 de maio de 2007

A muralha da China


5 de Junho de 1989.
O herói desconhecido barra uma coluna de tanques
na avenida Chang An (Longa Paz), em Pequim.



sexta-feira, 25 de maio de 2007

No fim do túnel


chame-O para um tête-à-tête
Ele sempre tem um milagre
no bolso do colete


RAUL POUGH

do livro "Síndrome de Hipotenusa"

terça-feira, 22 de maio de 2007

A aventura de Mathias Rust, 20 anos depois


Em 28/05/1987, partindo do aeroporto de Malmi (Helsinque, Finlândia) e após percorrer mais de 900 km sem ser descoberto pelos radares da defesa aérea soviética, o alemão ocidental MATHIAS RUST, de 19 anos, pousou seu monomotor Cessna 172B em plena Praça Vermelha, Moscou, numa das mais incríveis proezas do século. O fato provocou, dois dias depois, a demissão do Ministro da Defesa, Serguei Sokolov. Há quem diga que este episódio contribuiu para o fim da União Soviética, em dezembro de 1991. Preso e condenado a 4 anos de trabalhos forçados, Mathias cumpriu 14 meses da pena e foi libertado em 03/08/1988. Há um livro que relata bem esta aventura; chama-se "Destino: a Praça Vermelha", de Carlos Villanes Cairo (nas bibliotecas e nos sebos). Leia a sinopse na Comunidade "Mathias Rust" (visite e adira), no Orkut:

www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2622766

O Cessna 172B mais famoso do mundo

















O Cessna 172B pilotado por Mathias Rust na fantástica aventura, segundos antes de pousar na Praça Vermelha.

Exército de um homem só (I)


Não importa se só tocam
o primeiro acorde da canção
a gente escreve o resto
em linhas tortas
nas portas da percepção
em paredes de banheiro
nas folhas que o outono leva ao chão
em livros de história
seremos a memória dos dias que virão
(se é que eles virão)
não importa se só tocam
o primeiro verso da canção
a gente escreve o resto
sem muita pressa
com muita precisão
nos interessa o que não foi impresso
mas continua sendo escrito à mão
escrito à luz de velas
quase na escuridão
longe da multidão
não importa se só ouvem
a primeira nota da canção
a gente escreve o resto
e o resto é resto
é falsificação
é sangue falso, bang-bang italiano
suingue falso, turista americano
livres dessa estória
a nossa trajetória não precisa explicação
(e não tem explicação)
somos um exército
(o exército de um homem só)
no difícil exercício de viver em paz
somos um exército
(o exército de um homem só)
sem fronteiras,
sem bandeiras para defender
não interessa o diário da corte
não interessa o que diz o rei
(se no jogo não há juiz
não há jogada fora da lei)
não interessa o que diz o ditado
não interessa o que o estado diz
nós falamos outra língua
moramos em outro país
somos kamikazes
incapazes de ir à luta
somos quase livres
isso é pior do que a prisão
somos um exército
(o exército de um homem só)
um bando de vampiros
que odeiam sangue
sem fronteiras
sem bandeiras para defender
somos um exército
(o exército de um homem só)
nesse exército
(o exército de um homem só)
todos sabem que tanto faz
ser culpado ou ser capaz
... tanto faz ...


ENGENHEIROS DO HAWAII

Canção dedicada a Mathias Rust (do disco O PAPA É POP, 1990)

Desencanto


já não me atrevo
a sonhar com um destino
de quatro folhas


RAUL POUGH

do livro "Síndrome de Hipotenusa"

Gostosa!

Bela cantata!
Me allegro,
ma non treppo.


MARILDA CONFORTIN

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Auto-retrato


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento
Inimigo de hipócritas, e frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou cagando ao vento.


BOCAGE (1765-1805)

(testando a resolução)



sexta-feira, 18 de maio de 2007

(vide título no rodapé do texto)


no noan dar
(in)apto 903

cof cof

lá fora, chove chove

cof cof

lá fora, pinga pinga
cá dentro, chá xarope

cof cof

(agite antes de usar)

cof cof

pombos hibernam em pleno outono
(o pipoqueiro não veio?)

cof cof

em tempo: já mataste o leão de hoje?
(o que? estão em extinção?)

cof cof


"o que um sujeito pode dizer numa fria e chuvosa tarde curitibana, trancado em seu apartamento, curtindo uma virose e uma tosse do caralho, que já duram uma semana"

quarta-feira, 16 de maio de 2007

.

se é para o bem de todos
e felicidade geral da nação
diga ao povo
que direitos, direitos,
humanos à parte


NICOLAS BEHR

do livro "Caroço de Goiaba", Julho/1978

Esta rua não devia se chamar Mário Quintana


Não gosto do sabor insosso
das linhas retas.
Um poeta não devia nomear
uma rua reta
a rua Mário Quintana não devia ser reta
devia ter joelhos
dobrar esquinas
passar por um barbeiro e livrarias
por uma árvore centenária
por um bar
cruzar uma praça
desorganizar o retilíneo das homenagens.
Uma rota de pássaros migratórios, sim
poderia se chamar Mário Quintana.


SOLIVAN BRUGNARA

terça-feira, 15 de maio de 2007

Terça 15 Maio: Pó&Teias no Porão Loquax


Grupo Pó&Teias

ou "Grupo de Escritores Glória Kirinus", da Biblioteca Pública do Paraná, tem como característica a experiência dos Maradigmas, conceito criado pela professora e escritora Glória Kirinus, com base em Heráclito, Gaston Bachelard e Michel Maffesoli.

apresenta: Recital de Poesia, com vários poetas do grupo

Quando: Terça-feira, 15 de Maio, 23:00 horas
Onde: Wonka Bar
Rua Trajano Reis, 326 (3026-6272 / 9142-0810)
Quanto: R$ 1,99

sábado, 12 de maio de 2007

Seqüelas


ela se foi;
foi-se o que era doce...

foi-se o sono
foi-se a paz
foi-se o futuro

restou
esta briga de foi-se
no escuro


RAUL POUGH

do livro "Síndrome de Hipotenusa"

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Plá, no Paiol, 20 anos atrás


09/05/1987: Hoje e domingo, às 21 horas, no Teatro do Paiol, o compositor, cantor, instrumentista, Ademir Plá, realiza o seu show "Raio de Sol". Nascido em Santa Catarina, Ademir estudou na Faculdade de Educação Musical do Paraná, e optou por fazer um trabalho completamente independente dos moldes tradicionais. "Para fazer o que gosto com a minha música não posso estar vinculado a nenhum esquema", relata o artista. "Preciso estar livre para criar e divulgar a minha mensagem" continua ele. Suas músicas criticam o sistema vigente, falam das desigualdades sociais e principalmente da falta de oportunidade do jovem músico nos espaços da cidade. Ademir Plá também é escritor, independente. Ele escreveu "Hi...Ritiba" e mais recentemente "Ida Ininterrupta", ainda não publicado. Já musicou peças, entre elas "Até Nunca Mais", "Grito de Gente" e "Se Fernão não fosse gaivota".

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente no suplemento Almanaque, do jornal "O Estado do Paraná", em 09/05/1987

terça-feira, 8 de maio de 2007

haiku 6


manso floconar
sobre a costela-de-adão; n
eva

 
RAUL POUGH



O futuro dos livros em questão


"O Google nunca divulga seus números, mas acredita-se que o programa Book Search já conta com mais de um milhão de livros; e o número cresce. Tornar os recursos da melhor literatura disponíveis a qualquer pessoa em frente a um computador: quem poderia achar isso ruim?
Mas o aspecto controvertido do projeto do Google não está nos títulos não protegidos por direitos autorais, e sim nos ainda protegidos; e estes, surpreendentemente, são a vasta maioria dos livros - 80% de tudo que já foi publicado ainda está protegido por direitos autorais. Para estes livros, se a editora for parte do programa de parceria do Google, até 20% deles está disponível online. O resto está apagado, mas a página contém links através dos quais é possível comprar o livro ou descobrir que biblioteca possui uma cópia. As editoras que não são parte do programa têm seus livros disponíveis para busca, mas não se pode ler nada além de um minúsculo pedaço de texto".

Por John Lanchester

Medo de altura


pingo de i
procura vaga em
ponto de exclamação


RAUL POUGH

do livro "Síndrome de Hipotenusa"

Avante, barbárie


Sentinelas de pedra, vendadas,
Protagonizam inábil estratégia:
colhem pétalas negras.

fervilha
na cisão do tempo
a barbárie.

O poeta sem leviandades,
por instinto
ou (in)sanidade

inscreve-se
lavra textos
onde nem tudo é razoável.


ANDRÉA MOTTA

domingo, 6 de maio de 2007

Cebola, de Manoel Carlos Karam


Acabo de ler o romance (?) - pelo menos é o que diz na capa - CEBOLA, deste escritor catarinense radicado em Curitiba. O livro ganhou o Prêmio Cruz e Sousa de Literatura de 1995. Criativo, nas minhas palavras, e originalíssimo, nas palavras de Carlos Nejar. Bastante interessante para quem pesquisa o "fazer literário". Rebuscado em excesso, em vários momentos torna-se chato, levando o leitor a abandoná-lo. Teimei em ler até o fim, pois nunca havia lido nada do autor. Não tenho dúvidas de que é um escritor competente, porém, este CEBOLA fez meus olhos arderem. Boa leitura para pesquisa e análise literária. Para quem busca simplesmente o prazer da leitura, fuja.

FCC Edições, Fundação Catarinense de Cultura, 1997, 256p

Terça 08 Maio: Haicai no Centro de Letras


O poeta e haicaista curitibano
José Marins
apresentará a palestra:

A História do Haicai no Paraná


Quando: Terça-feira, 08 de maio, 17:00 horas
Onde: Centro de Letras do Paraná
Rua Fernando Moreira, 370 (próximo ao SESC da Esquina)
Entrada franca

sábado, 5 de maio de 2007

As Férias de Mr. Bean


Nos cinemas.

Diversão garantida: RECOMENDO.
Mas procure uma versão legendada;
a versão dublada está um horror!

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Haiku 1


jardim de inverno;
sete azaléias-anãs
brancas de neve


RAUL POUGH

do livro "Síndrome de Hipotenusa"

quinta-feira, 3 de maio de 2007

terça-feira, 1 de maio de 2007

Quarta 02 Maio: Baracnofobia, na Secretaria Estadual da Cultura


Baracnofobia: peça teatral.
Produzida e encenada pela "Cia. DOISINCENA".



Interpretação: Carlos Sousa
Música: Ricardo Pozzo, na guitarra

Uma crítica ácido-poética sobre assuntos polêmicos como aborto, prostituição, analfabetismo e drogas. O espetáculo de Carlos Sousa vem com proposta diferente do teatro convencional. Além de entreter, tenta conscientizar o público para a realidade social brasileira. O grupo, que surgiu há 4 anos, desenvolve trabalho alternativo, cuja proposta é atingir o público de baixa renda, que não tem condições de apreciar uma peça de teatro. Diz Carlos Sousa, “tem gente que acha que teatro é aquilo que os atores de televisão fazem e se limitam a essa idéia. Quando você fala de uma peça eles nem vão”.

Prestigie!!!

Quando: Quarta-feira, 02 de Maio, 18:41 horas
Onde: Auditório Brasílio Itiberê (Secretaria Estadual da Cultura)
Rua Cruz Machado
Quanto: R$ 0,00