domingo, 27 de setembro de 2009

É pegar ou largar...


Sou incapaz de viver muito tempo na calma;
apaixonada por transformações, ansiosa e exigente.

Não me falta resistência nem energia
e dou tudo de mim em situações difíceis.

Lúcida, tenho espírito penetrante;
crítica e perspicaz (será?).
Determinada, concentrada, confiante.

Não me deixo influenciar, mando na minha vida,
portanto sou responsável pelo o que nela acontece,
independente de me elevando ou caindo.

Não gosto de ser contrariada,
nem que me indaguem dos meus motivos.
Forço situação; sutil, ardente, leal.
Ajudo, a mim ou aos outros, se eu quiser.

Vingativa, antagônica, sarcástica, violenta.

Auto respeito.
Não me preocupo com o que os outros pensam,
pois tenho uma boa opinião de mim
(o que não significa que é boa pra você).

Tenho-me como garantida. Julgo bem.
Quero segurança emocional. Tudo ou nada.
Ar impenetrável, face de jogador de pôquer.

Não esqueço quem me ajuda,
muito menos quem me prejudica.

Meus desafios são constantes, desde o financeiro ao sexual.
Ainda tenho que aprender a dar,
receber e compartilhar recursos e prazeres.

Sou ambiciosa (por vezes não aparente).
Espero oportunidades e pego-as imediatamente.

Olhar magnético, linguagem envolvente.
Ritmo biológico acelerado,
energia concentrada na expressão física, inquietação motora.
Vivo atraindo acidentes e morte brusca (morte não física).

Ação das emoções sobre a base corporal.
Inserção rebelde do ego aos contextos convencionais.
Reflexos rápidos e audácia provocativa,
caráter anti-conformista.
Temperamento vital-motor, humor paradoxal.
Pensamento engenhoso,
de fluxo intermitente e conteúdo experimental,
concentração dispersiva, memória seletiva.
Gostos elaborados, hábitos inusitados, moral transformadora.
Impulsos primários de rebelião criativa.
Tendência à imprudência.

Sensível, inconstante e erótica.
Sensualidade experimental intelectualizada.
Paixões ardentes e possessivas,
emoções e sentimentos poderosos e imaginativos.
Busca do novo e impensado.
Amor ciumento, obstinado e rancoroso.


NAYANE CALDAS

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dureza


aposto
um risco no chão
como
você não sabe
quantos
sertões milágrimas irrigam
aposto
um risco no chão
como
você não sabe
quanto tempo dura

cem anos de solidão


MÚCIO L GÓES

domingo, 20 de setembro de 2009

(*)


... Numa paz insatisfeita,
no tédio e na tolerância, apenas o adultério prova
a dedicação, através do risco; só a energia da traição
faz o sangue bombardear o peito, como se fosse de alegria.


DONALD HALL

in The One Day: A Poem in Three Parts

Quadrilha


João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

sábado, 19 de setembro de 2009

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bloqueio


ando meio vago
nas horas escritas


RAUL POUGH

Literatura minimalista


A literatura minimalista é caracterizada pela economia de palavras. Os autores minimalistas evitam advérbios e preferem sugerir contextos a ditar significados. Espera-se dos leitores uma participação ativa na criação da história, pois eles devem “escolher um lado” baseados em dicas e insinuações, ao invés de representações diretas. Os personagens de histórias minimalistas tendem a ser banais, comuns, inexpressivos, nunca famosos detetives ou ricos fabulosos. Geralmente, as histórias são pedaços da vida.

A raiz da literatura minimalista americana é o trabalho de Ernest Hemingway, e um dos melhores exemplos desse estilo é o seu "Hills Like White Elephants". Como Hemingway nunca descreve a entonação que a personagem assume quando fala, o leitor é forçado a interpretá-la baseado na resposta. Além disso, apesar da paisagem ser parte integrante de uma história, ela nunca é explicitada no minimalismo.

O nome mais associado a literatura minimalista, entretanto, é o do norte-americano Raymond Carver. Em contos de pouquíssimas linhas o autor procura captar a vida através de ângulos e personagens simples, inesperadamente transformados em figuras e fatos insólitos, misteriosos, mentirosos.

No Brasil tem crescido muito a produção de minicontos (ou microcontos), gênero associado ao minimalismo. Nesse sentido a obra Ah, é?, publicada por Dalton Trevisan em 1994, é considerada obra-prima do estilo minimalista.

Em 2004 o escritor Marcelino Freire resolve radicalizar e lança o livro Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, em que convida cem autores para escrever histórias de até 50 letras (sem contar título e pontuação). No ano seguinte, a Editora Casa Verde leva a idéia para o Rio Grande do Sul, lança o Contos de Bolso, e desta obra surge o que talvez seja o menor conto já produzido em Língua Portuguesa, de Luís Dill: Aventura Nasceu.

pt.wikipedia.org

in: "Adaptação"


- você é mais radiante do que qualquer formiga
- foi a coisa mais gentil que alguém já me disse
- é porque eu gosto de você

(diálogo entre Nicolas Cage e Meryl Streep, no filme "Adaptação")

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ensaio sobre a sutileza


dentro de uma pergunta
vem a resposta de outra pergunta
que você ainda não fez...

algo assim como:
- você também está se apaixonando?


RAUL POUGH

(...)


Abro aspas para o silêncio que nasceu de nós

Aninhou-se em minha boca
semente de sonho no ventre seco da inércia

A verdade é só minha
embora os espelhos exijam retratação
e os estilhaços me singrem
expondo meu espólio
de cicatrizes invisíveis

Na lista de meus crimes deve constar
que matei a saudade

afogada

numa poça de ódio.


IRIENE BORGES

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

.


- Você é uma gracinha!
- Por que?
- Ah, porque sim!
- Você também; é encantador!
- Péra aí, repete isto...
- Você é encantador!
- Putz... ouvir isto numa manhã chuvosa de segunda-feira!
- Hummm...
- Estou me sentindo o máximo!
- Hummm...
- Tô me achando, né?
- Não. Você sabe lidar com isto!