sexta-feira, 30 de março de 2007

Solivan Brugnara: a Batista de Pilar


Sobre a interessante reação das senhoras a um poema

Batista de Pilar
entrou sem ser convidado
no sarau com chás, bolachas e alguns maridos.
Terno amassado com cheiro de brechó
camisa bege encardida
recusou o chá, procurou vinho.
E como está acostumado a achar espaços
em ônibus lotados
foi fácil subir no palco.
Com a voz beirando o grito
iniciou o poema.
- A puta!
Soou como sirene com cárie.
Olhos voltaram-se, como girassóis raivosos
para a palavra tão vermelha
que manchou de rubro a face das senhoras.
E o constrangimento se manteve
até o arremate de Batista.
- A puta, de Carlos Drummond de Andrade!
Alívio entre as senhoras, sorrisos, e mesmo aplausos.
É Batista, confirma-se a tese de que o maldito
está no poeta e não na poesia.
Tuas doces poesias são consideradas malditas
só porque não lavas as mãos antes de fazê-las.

Solivan Brugnara, paranaense de Dois Vizinhos, onde nasceu
a 30/08/1967. Atualmente radicado em Quedas do Iguaçu.

Um comentário:

Anônimo disse...

parabens solivan teu livro é magnifico continue!!!!