sábado, 24 de dezembro de 2011

Mínimo, menino


Quando a vida nos faz pequenos
as ruas se fazem de gambarra
O céu distancia suas luzes
e soam todos os alarmes
avisando que o gigante se aproxima
espanando seus pés e suas garras

Quando a vida nos faz pequenos
o medo em tudo se conforma
O mar entorna suas águas dentro e fora
e a lágrima que jorra dos olhos
vale menos que a conchinha
quebrada em seu direito de estar

o corpo se fragiliza
a alma pitonisa prevê o aborto dos sonhos
e que tudo acaba

Quando a vida nos faz pequenos
a chuva canta sua mágoa melancólica
em cristais fininhos de angústia
que cintilam no espaço como fossem esperança,
este vaga-lume inatingível,
ao alcance aparente das mãos

o chão fica impossível
o ar fica impossível
ser é impossível

assim como o fiapo do feno
que baila ao vento sem destino
os homens viram meninos
quando a vida os faz pequenos
 
 
MAURO VERAS

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