quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

arte de furtar


O poeta declarou que toda criação é tributária de outras
criações no permanente processo de linguagem da poesia
    
O poeta afirmou que todo criador é tributário de outros no
processo de linguagem da poesia
   
O poeta se confessou um criador tributário de outros na
linguagem de sua poesia
   
O poeta não esconde que sua poesia é tributária da linguagem
de outros criadores
   
O poeta não esconde que sua poesia é influenciada pela
linguagem de outros criadores
    
O poeta não faz segredo de que se utiliza da linguagem de
outros poetas
   
O poeta fala abertamente que se apropria da linguagem de
outros poetas
  
O poeta é um deslavado apropriador de linguagens
  
O POETA É UM PLAGIÁRIO
   
   
AFFONSO ÁVILA

De O discurso da difamação do poeta.
São Paulo: Summus Editorial, 1978]

Um comentário:

rodrigo madeira disse...

e isso aí, raul. a poesia funciona por contágio e contrafação.

uma modista, se não me engano do rei francês luís XV, dizia o seguinte: "só é novo aquilo que já se esqueceu".

abç.