quinta-feira, 14 de julho de 2011

(Sétima elegia, Terceira Sede)


Essa sensação de ir descalço, a camisa
cheirando a sol de varal.

Tu, minha mulher, eras corrente e água calma,
as oscilações da palha e trigo.
 
Teu corpo arvorava nos lábios indecisos ou nos cabelos?
Na encosta da cinta ou nas dunas dos seios?
Quando começavas a te revelar? No desejo apetecido
ou na fome de um filho?
Como definir se a luz deitou as vestes?
   
Cumprias distâncias em mim.
Madrugando não alcançaria.
   
Venho de tua lonjura, os braços eram remos
no barco e aço da âncora.
Acostumado à extensão das raízes,
não sobrevivo no vaso dos pés.
   
Passei a vida aprendendo a respeitar teu espaço.
Como povoá-lo após tua partida?
    
  
FABRICIO CARPINEJAR

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